A saga Uncharted é uma das mais conhecidas das últimas duas gerações da Playstation. Nascida logo no início de vida da PS3, a série contou com três aventuras na velha consola da Sony e voltou para o quarto capítulo na mais poderosa e moderna Playstation 4. Quando nada o fazia prever, a Naughty Dog surpreendeu o mundo com o trailer de lançamento de Uncharted The Lost Legacy, o quinto capítulo da série e o primeiro sem o protagonista, Nathan Drake.
Menos de um ano depois de ser anunciado, o jogo chega às mãos dos jogadores e levanta a pergunta: sem Drake, a saga Uncharted tem pernas para andar? Pelo que jogámos, a resposta não podia ser mais positiva.
Lost Legacy é o primeiro jogo "de peso" da Naughty Dog com mulheres como personagens principais. Durante algumas secções de The Last of Us, os jogadores tiveram a oportunidade de controlar uma jovem, mas, tal como em Uncharted e Crash Bandicoot, é inquestionável que o protagonista central era um homem. Agora, a produtora decidiu quebrar com o passado e colocou a história nos ombros e nas mãos extremamente capazes de duas personagens familiares para quem jogou os anteriores Uncharted: Chloe Frazer e Nadine Ross.
Chloe tinha conquistado os fãs com a participação em Uncharted 2 e 3, enquanto Nadine apenas foi apresentada em Uncharted 4 como inimiga de Drake, com uma apetência para o karaté e uma personalidade forte que colocaram o protagonista e o irmão Sam em constantes sarilhos. O carisma das duas "mulheres de armas" é tal que The Lost Legacy passou de um mero episódio extra que seria acrescentado a Uncharted 4 para um jogo separado, com tratamento privilegiado.
A interação entre Chloe e Nadine é, aliás, uma das grandes armas deste jogo: as trocas de piadas, os comentários apropriados e certeiros, a constante rivalidade entre ambas e as capacidades e estilos de combate distintos são muito divertidos de ver, e encaixam como uma luva num jogo que assume uma personalidade própria.
A história é a habitual: as protagonistas partem em busca de um artefato lendário e descobrem que há concorrência apertada de um magnata sem escrúpulos, capaz de matar e destruir tudo no seu caminho para chegar ao prémio primeiro. Pelo meio, existem muitas explosões, momentos de cortar a respiração, cenários deslumbrantes e combates, muitos combates.
As mecânicas de jogo são tiradas a papel químico de Uncharted 4, incluindo as armas, as pequenas "arenas" utilizadas para os confrontos com inimigos e até o gancho e corda que introduziram uma verticalidade nunca vista a partir do quarto jogo da saga. Os cenários são menos variados do que nos jogos anteriores, o que cria alguma repetição, mas a possibilidade de utilizar um jipe para viajar acaba por abrir horizontes e diminuir o tédio.
Os gráficos continuam magníficos, com uma atenção ao detalhe ímpar, texturas de alta definição, efeitos de luz hipnotizantes, folhagem de última geração e muito mais. O jogo é particularmente impressionante na PS4 Pro, onde o suporte 4K e HDR servem para emprestar uma clareza e qualidade extra à imagem e à iluminação dos ambientes.
A grande diferença face a Uncharted 4 surge com uma aposta reforçada nos puzzles, criados com o intuito de acrescentar variedade e fazer o jogador pensar. Em Uncharted 2 e 3 os jogadores foram confrontados com alguns desafios memoráveis e em The Lost Legacy existem algumas salas desafiantes que vão obrigar os jogadores a ponderar bem os passos a dar.
Pela negativa, temos de destacar a falta de recompensa para quem explora os cenários. É certo que a série nunca foi conhecida pelos cenários abertos, mas em Uncharted 4 e nos restantes jogos havia sempre alguma margem para encontrar tesouros escondidos em cantos recônditos. Em The Lost Legacy a Naughty Dog apresenta-nos o maior mapa aberto da saga, mas a liberdade é apenas aparente: a selva está cheia de barreiras impossíveis de trepar, quedas mortais, paredes invisíveis e em geral, não há nada para encontrar mesmo quando exploramos todos os recantos.
Além do modo a solo, existe também a possibilidade de jogar com ou contra outros jogadores no modo online, em tudo semelhante ao que foi incluído em Uncharted 4. Os novos combates de sobrevivência replicam o famoso "horde mode" que tantos outros jogos já experimentaram, sempre com grande aceitação entre os jogadores.
Tudo somado, The Lost Legacy é um capítulo competente de Uncharted, virado para os fãs que procuram mais um pouco de diversão neste universo por um preço mais reduzido de 39,99 euros. Quanto a nós, vale bem a pena dedicar uma dezena de horas à aventura de Chloe e Nadine.
Imagens © Naughty Dog e Playstation
Ás: A química entre as duas protagonistas, os gráficos e o preço reduzido.
Duque: A repetição de algumas mecânicas de jogo e a falta de recompensas para os jogadores que exploram o mapa.
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