Muito antes da comida chegar, a primeira sensação que o FLOW nos passa é de estarmos a entrar num sítio distante e único. Ainda que a beleza da fachada exterior já fosse levantando o véu, a receção ampla e algo sombria não faz adivinhar o que se desenvolve no interior.
Num edifício do séc. XIX da Rua da Conceição, no Porto, marcado por um estilo claramente de influência árabe, o espaço apresenta dimensões generosas e divide-se em três zonas distintas: a sala interior, o bar e o páteo. Ambientes estes que, apesar de se interligarem, mantêm a sua própria personalidade e unicidade.
A sala interior apresenta-se mais reservada e intimista. O bar, que surge pelo encerramento parcial do páteo, é mais casual e ligeiro. O páteo, área que claramente se destaca como alma do conjunto, tem uma onda mais orgânica, bem luminosa e relaxante.
Emparedado por robustas paredes de onde sobressaem as lindas arcadas decoradas a azulejo, mostra-se perfeito para um almoço em dia de sol, com a possibilidade de fazer correr a cobertura e proteger de eventuais chuviscos. O verde abundante que pontua o ambiente também tem um papel importante na sua beleza.
A conjugação de elementos originais do edifício com soluções arquitetónicas e materiais novos foi claramente bem sucedida, conferindo uma mescla de linguagens admirável. Com uma decoração cuidada e requintada, onde o clássico mostra porque é sempre atual, é muito bom sentirmos que o espaço ao vivo supera as suas imagens impressas.
Chegando a comida o contexto mantém-se. Das vezes que lá almoçamos nada desiludiu. Ainda que inseridos em Menu de Almoço, os pratos apresentam sempre um evidente cuidado na apresentação, qualidade e diversidade. Não sendo sugestões super arrojadas, são muito boas e adequadas.
Desde as duas opções de entrada, às cinco possibilidades de prato principal, passando pelas sobremesas, também duas, o leque é abrangente q.b. para não permitir entediamento algum.
O couvert é básico e antecede a entrada, das quais o crepe de camarão, o brás de alheira ou como o creme de feijão verde e concassé de tomate estiveram à altura do seu papel.
Nos pratos principais, o intenso risotto de porco preto conquistou, e os dois pratos de peixe experimentados destacam-se por estarem cozinhados no ponto e com acompanhamentos deliciosos. Então este último naco de espadarte com milhos fritos e espuma provençal estava realmente bom.
As sobremesas, não surpreendendo, são interessantes. Do duo de ananás provado ao tradicional leite creme, não desiludiram.
Das duas experiências vividas do FLOW sentiu-se essencialmente consistência, no atendimento, no ambiente, na comida. A vontade de voltar reflete o resultado das mesmas.
Se ao almoço o menu é fixo, no valor de 14,00€ por pessoa (17,00€ com sobremesa), ao jantar é possível atingir uma média de 35 a 40,00€. Sendo que as opções à carta serão também mais estimulantes e surpreendentes.
Faltou provar o sushi, mas considerando a vontade de regressar ao jantar e sentir o espaço em ambiente noturno, acredito que não tardará.
Nem sempre tem de ser a comida a fazer-nos viajar sem sair do lugar. Com uma cozinha de fusão, de carácter e sabores mediterrânicos com toque tradicional, no FLOW essa viagem é proporcionada mais pela natureza e essência do espaço. E que bom é podermos encontrar essa possibilidade bem no centro do Porto.
Mérito para o conceito que consegue gerar uma experiência que vale a pena.
Ás: Definitivamente a beleza do espaço, decoração e ambiente.
Duque: Talvez pela qualidade da comida se espere mais arrojo.
Mais informações:
FLOW Restaurant & Bar
Rua da Conceição, 63
4050-215 Porto
Contactos: 22 205 40 16
Página Facebook: FLOW Restaurant & Bar
Site: http://www.flowrestaurant.pt/
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