A visita ao novo Panca, que se estabeleceu agora na baixa da invicta, era muito aguardada. Sabendo do soft opening não perdemos tempo e marcamos um almocinho. Sendo que é o menino mais novo de um dos grupos mais consolidados da restauração do Porto, e conhecendo a versão original que surgiu o ano passado no Parque da Cidade, assume-se e espera-se automaticamente qualidade a todos os níveis.
Constituindo um espaço de contemplação da gastronomia sul-americana, encontra-se naturalmente decorado e pormenorizado ao estilo bem latino-americano, com o ambiente a criar a primeira grande impressão do espaço e a envolver desde logo. As cores quentes adotadas, típicas da cultura associada ao conceito, o próprio mobiliário, o destacado bar, os elementos verdes que abundam e a música ambiente tratam de nos transportar para um lugar bem caliente e descontraído onde comida fresca e um bom pisco sour nos esperam. É um espaço onde sabe muito bem estar.
De facto, no tema base essencial que dá forma à cozinha do Panca, o ceviche, a aposta não falha. Prato divinal, o ceviche de corvina daquele dia. Cheio de frescura, sabores e vibrâncias obrigatórias nesta tradição sul-americana. Um deleite que por si só justifica a visita.
Infelizmente a mesma opinião não pode surgir quando falamos da carne. Ainda que tenha sido "prato do dia", esperava-se mais. Tanto no cuidado com a apresentação como na qualidade da comida. A espetada de novilho efetivamente desiludiu.
As empanadas de bacalhau que antecederam os pratos principais eram interessantes e criaram um sentimento dúbio. Pelo que só consigo dividir a sua "análise" em duas partes. Se por um lado a massa estava excelente, super leve e crocante, já o recheio desiludiu, uma vez que o bacalhau vinha envolvido numa espécie de béchamel que rapidamente se torna enjoativo. Eram duas bem servidas por pessoa. Fica a curiosidade de experimentar com outros recheios.
Quando falamos da sobremesa esta divisão de sentimentos não desaparece ao saborear o "I Love Lima e Matcha" no final da refeição. No fundo é um doce em que estes dois ingredientes, e outros, se conjugam em vários formatos. Temos um pouco de tudo: gelado de lima (que peca por ser pouco), sparkys (vulgo "peta zetas"), doce de leite, suspiros e matcha ao natural. Confesso que me assustei quando vi o prato a pousar na mesa. De aspeto arrojado mas pouco apelativo esteticamente, arrepia inicialmente pela quantidade de matcha que traz. Quem conhece o sabor deste chá verde em pó compreenderá.
A realidade é que depois de abordar os elementos com cuidado e começar a comer a coisa funcionou bem. Os sabores complementam-se e as texturas fazem, como sempre, toda a diferença. Aqui o efeito "wow" aplica-se em pleno. Como só consigo comer uma sobremesa até ao fim se estiver realmente a gostar, tenho de concluir que criei com este prato uma relação de estranheza-amor. E devo admitir que há algo na sua excentricidade que comigo funcionou. Não sei se o pediria novamente mas gostei de o saborear.
A recepção foi muito prestável e eficaz mas o atendimento começou confuso e tardio, tendo depois estabilizado no decorrer da refeição. Simpatia, sempre.
O menu de almoço inclui couvert, entrada e prato principal, ambos com duas opções, água e café, e tem o custo de 12,50€. Acresce 1,80€ para sobremesa. Voltarei ao Panca mais tarde, pois acredito que os soft openings não são representativos da estruturada e eficaz funcionalidade dos espaços. São antes momentos de alguma experiência, que servem precisamente para afinar pormenores e alinhar ideias.
Ainda que seja das opiniões mais divididas que posso ter, sei que voltarei simplesmente porque adorei o espaço, porque quero provar empanadas diferentes e saborear outras sobremesas que surpreendam, e pelo ceviche que vale várias outras visitas. Acho que voltarei bastante!
Ás: O ceviche e o espaço.
Duque: O prato de carne.
Mais informações:
Panca - Cevicheria & Pisco Bar, Porto
Rua Sá de Noronha, 61
4100-376 Porto
Contacto: 22 203 31 44
Página Facebook: Panca - Cevicheria & Pisco Bar
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